Extratos da reunião de 12/04/2015



PALAVRA DO PRESIDENTE



Nestas últimas reuniões, no intuito de promover uma reflexão sobre a família, cuja missão primordial é de cuidar e proteger o ser humano a ela confiado, durante a fase de formação do caráter e da personalidade; tratamos, inicialmente, do significado da experiência moral, no processo da busca do sentido da existência.
Num segundo momento, estamos propondo uma reflexão sobre as “Dimensões constitutivas da pessoa”, visto que é essencial para o indivíduo, dotado de natureza humana, encontrar o caminho da formação da pessoa.
Entre as dimensões constitutivas da pessoa evidenciamos duas: a cidadania e a solidariedade.
A seguir abordaremos o primeiro tópico: “Educação para a cidadania”.
Pela experiência vivenciada em outros países, que passaram por situações semelhantes às do Brasil no processo de urbanização, (Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, França, Japão, Canadá), a educação para a cidadania é missão primordialmente atribuída ao Ensino Fundamental.
Diante disso, a nossa proposta, amplamente difundida em publicações do Instituto de Humanidades,( do qual faço parte como diretor executivo), consiste em conceber o Ensino Fundamental como grau terminal, subordinado ao propósito de educar para a cidadania. Sublinhando, “ A missão da educação para a cidadania é própria do Ensino Fundamental e o cumprimento dessa missão é assegurado se esse nível de ensino for concebido como grau terminal”.
Portanto, não se trata de proporcionar aos alunos apenas a parte introdutória de temas que irão rever nos graus subsequentes, mas ensinar-lhes , de forma ampla e apropriada , tudo quanto seja imprescindível para torná-los cidadãos. Nesse contexto, a formação para o trabalho seria transferida para os graus subsequentes.
A Educação para a Cidadania, no Ensino Fundamental, deve contemplar os seguintes aspectos, exigidos para a participação na vida social, como cidadão:
1 - Direitos e deveres dos cidadãos;
2 - Noções de higiene pessoal e saúde pública;
3 - Meio ambiente e recursos naturais;
4 - Aspectos destacados da vida urbana;
5 - Momentos decisivos da História do Brasil;
6 - Civilização material e criação cultural;
7 - As instituições do sistema representativo, sua importância e dificuldades de seu funcionamento no Brasil;
8 - Os valores fundantes de nossa civilização.
Às vezes, cidadania é confundida com patriotismo. “Patriotismo - afirma Peter Drucker - é a disposição de morrer pela pátria (...) Mas o patriotismo sozinho não basta. É preciso haver cidadania para viver ao invés de morrer pela pátria. A restauração da cidadania é uma exigência vital. (DRUCKER, Peter, Sociedade Pós-capitalista, São Paulo: Pioneira, 1999).
Em síntese, somente a partir da concepção de considerar o Ensino Fundamental como grau terminal é possível alcançar o êxito desejado de educar para a cidadania. É indispensável que nos cursos de formação de professores se reflita nessa peculiaridade; paralelamente, é necessário encontrar formas variadas de atingir os núcleos familiares, despertando-os  para o significado de educar para a cidadania.
Se a missão da família é propiciar a formação da personalidade a seus membros; sendo o exercício da cidadania uma das dimensões da pessoa, torna-se imprescindível a presença da família nas atividades escolares  que, no Ensino Fundamental, visem a educação para a cidadania.                
  

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O Navio Negreiro
de Castro Alves
Declamação pela Acadêmica e poetisa 
Leonilda Yvonneti Spina




'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
- Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam  num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . .  Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam,  
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo - o mar em cima - o firmamento... 
E no mar e no céu - a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra - é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia...   

..............
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar - doudo cometa!

Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. 

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais... inda mais...  não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus!
Meu Deus! Que horror!
       
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.   Tinir de ferros...
Estalar de açoite...    Legiões de homens
Negros como a noite,   Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...   Se o velho
Arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar, 

Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!  
E ri-se Satanás!...  

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
...........
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!

Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


(Poema escrito em 1868, quando o poeta tinha 21 anos)


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"50 Tons de Cinza e a Posição da Crítica"
Uma análise do Acadêmico e jornalista Édison Mascchio


O Acadêmico e jornalista Edison Mascchio falou sobre o sucesso de livros calcados no erotismo, no universo das bruxarias e nos temas de violência e filosofia de guerra, que exercem uma atração magnética no espírito dos leitores desavisados. Citou inicialmente o livro "50 Tons de Cinza", da autora inglesa E. J. James, que deu azo a uma trilogia e gerou o maior fenômeno editorial dos últimos anos, com a vendagem de milhares de exemplares em várias partes do mundo.
Estribado na opinião de muitos críticos, frisou que a produção ficcional passa por uma fase insípida, pois abarrotam o mercado dezenas de obras despidas de substância cultural, que exploram a tendência do leitor por temas eróticos.
Acentuou que os ingredientes usados para compor o enredo desses romances são rotineiros e triviais, concebem estórias com personagens delirantes do desejo de amar, contagiadas pelas tentações da sensualidade. Destacou ainda que a autora criou diálogos artificiais e apontou a fragilidade estrurural do romance.
O romance, na sua opinião, deve ser uma pintura da vida, uma obra de arte que reflita os anseios e mudanças sociais.
O orador deteve-se em outros textos eróticos, citando Françoise Sagan, que aos 19 anos publicou "Bom Dia, Tristeza" e tornou-se um fenômeno que abalou a Europa na década de '60 e hoje é praticamente desconhecida do público.
Frisou ainda o orador que o romance erótico é um legado de Donadien Alfonse Françoise, conhecido como Marquês de Sade, escritor do Século XVII, que fazia a apologia da perversão com a prática de atos de crueldade física e moral infligidas ao parceiro sexual.
Por fim, discorreu sobre uma constatação meridiana, a de que vivemos o século da intoxicação visual, com a profusão de imagens que brotam na televisão, no cinema, nos cartazes de publicidade, decorrendo então o avanço da mediocridade em detrimento aos escritores que preservam a mais popular das artes da palavra, difundindo ideias arejadas e construtivas que consubstanciam a essência da literatura.
Lembrou ainda que a ningiém é lícito alimentar prognósticos pessimistas, pois seríamos obrigados a validar a figura do escorpião criada pelo escritor Maurice Blachot, para caracterizar a atual fase do romance que, indiferente ao processo de renovação, estaria a auto-envenenar-se, agonizando lentamente.

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Momento de Arte
O artista plástico Olavo Gomes, de Londrina, enriqueceu nossa reunião e teceu várias considerações sobre sua trajetória e as obras que produziu e vem produzindo. Segundo o autor, sua arte retrata uma nova leitura do impressionismo. Apresentou uma bela tela, intitulada de "Nina", na qual apontou as vertentes que levam sua arte cada vez mais ao impressionismo.

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Chips implantados em humanos, avaliação de professores em Portugal...
Pelo Acadêmico e médico Dr. José Ruivo


Complementando a apresentação da reunião anterior sobre a implantação de chips em animais, o Acadêmico e médico Dr. José Ruivo distribuiu cópias com ilustrações de chips implantados em dedos dos funcionários em uma empresa sueca - chips que habilitam os funcionários a abrir portas, utilizar como senhas, substituir crachás - ao mesmo tempo em que as pessoas são totalmente controladas como se fossem objetos digitais.
Paralelamente, o Acadêmico citou o descalabro reinante na educação em Portugal, quando resultados da prova de avaliação de conhecimentos e capacitação de professores realizada em dezembro último mostraram resultados lamentáveis: de 2.945 professores avaliados, 845 (perto de 35%) foram liminarmente eliminados e a média total das classificações beirou apenas os 50 pontos em um total possível de 100.

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 "Dialogando com as Notas Musicais: Fragmentos Clássicos da Bossa Nova e Outros"
Apresentação musical pelo Acadêmico 
e Prof. Sérgio Alves Gomes
Quem esteve presente à nossa reunião deleitou-se com esta apresentação surpreendente: acompanhado pela sua guitarra e um playback com a gravação da harmonia, soltou a voz, solou, improvisou e nos levou a revisitar os anos '60, de Tom Jobim, Vinicius de Morais, João Gilberto, Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli, entre outros, além de inovar na canção "Autumn Leaves" (originalmente "Les Feuilles Mortes"), criada por Joseph Kosma em 1945, apresentando-a em inglês e francês. Antes de cada canção, o Prof. Sergio Alves Gomes descreveu brevemente sua origem, história e os nomes dos  principais intérpretes, no Brasil e no mundo.



No vídeo, uma das belas canções apresentadas pelo Acadêmico.
(Assista em tela cheia).